Como todos os anos, sendo já doze que se contam, a Liga dos Combatentes (LC) e a Associação dos Deficientes das Forças Armadas (ADFA), ambas sócias da World Veterans Fédération – FMAC – Fédération Mondiale des Anciens Combattants, celebraram o Dia Internacional da Paz, estabelecido em 1981 pela Assembleia Geral das Nações Unidas, que em 2001 designou esta data para convocar as nações a cumprir 24 horas de não-violência e cessar-fogo junto ao Monumento aos Combatentes do Ultramar no Museu do Combatente em Belém.
Devido à epidemia atual, tanto a caminhada como a corrida tiveram de ser abolidas, sendo numa pequena, mas significativa cerimónia que se promoveu o pedido pelas Nações Unidas – “que neste dia haja união entre os povos e o fim das hostilidades entre si, que se dignifiquem os valores refletindo numa maior sensibilização e consciência pública sobre aspetos que conduzem à paz”.
Presentes o Presidente da LC, Tenente-general Joaquim Chito Rodrigues, Major-general Fernando Aguda, Vice-Presidente da LC, Coronel Lucas Hilário, Secretário Geral da LC, Arqº Eduardo Varandas, Vogal da Direção Central, Coronel Lopes Dias, Presidente da ADFA e seu Vice-Presidente, Eng.º António Garcia Miranda bem como outros sócios das duas instituições.
O Capitão-de-mar-e-guerra Filipe Macedo, também Vogal da Direção Central da LC iniciou a sessão com a leitura da Mensagem do Secretário-geral das Nações Unidas para o Dia Internacional da Paz 2020:
“O Dia Internacional da Paz é dedicado a instar as partes beligerantes em todos os lugares a depor as armas e a trabalhar pela harmonia. Como a pandemia de COVID-19 continua a devastar o Mundo, este apelo é mais importante do que nunca. É por isso que apelei por um cessar-fogo global em março. O nosso Mundo enfrenta um inimigo comum: um vírus mortal que está a causar imenso sofrimento, destruindo meios de subsistência, contribuindo para as tensões internacionais e exacerbando os já formidáveis desafios de Paz e Segurança.
O foco do Dia Internacional da Paz deste ano é “Moldar a Paz Juntos”.
Com esse espírito, e para marcar nosso 75º Aniversário, as Nações Unidas estão a reunir as pessoas para uma conversa global sobre como moldar o nosso futuro e reforçar a Paz em tempos difíceis. Nestes dias de distanciamento físico, podemos não ser capazes de ficar perto uns dos outros. Mas, ainda assim, devemos permanecer juntos pela Paz. E, juntos, sei que podemos – e iremos – construir um Mundo mais justo, sustentável e equitativo.”
António Guterres – Secretário-Geral da ONU
 
General Chito Rodrigues
Em seguida o Presidente da ADFA fez a primeira alocução relativa ao dia que se vive e ao seu espírito, terminando o Presidente da LC com as palavras que se reproduzem:
“Senhor Presidente da ADFA, Cor Lopes Dias, senhor Major General Aguda Vice-presidente da LC, ilustres membros da Direção da Liga dos Combatentes e da ADFA
Face a situação de contingência em que vivemos, de forma simbólica, muito simples, mas como sempre muito forte e exemplar em significado, não quisemos deixar de evocar a Paz, no Dia Internacional da Paz, estabelecido pela ONU. Nós que fizemos a guerra, ao celebrarmos sistematicamente a Paz, deveríamos ser apontados como exemplo e usarem-nos como elemento dissuasor de outras guerras. Face ao que fazemos e ao que dizemos. Mas certamente mais uma vez poucos nos ouvirão.
A mensagem do Presidente da ONU Dr. António Guterres, apela a um calar das armas a nível global para juntos enfrentarmos o atual inimigo comum. Um inimigo não humano, planetário que nos ameaça como sofisticada arma biológica. O apelo à Paz da ONU é por isso objetivo ainda mais complexo e ainda mais difícil de atingir do que em anos anteriores. Por um lado, calar as armas, no mundo, sabemos quão difícil será atingir um dia esse objetivo. Na própria União Europeia continuam antagonismos e contradições graves de que a Turquia e a Grécia são exemplos.
Por outro lado, enfrentar, sem armas, um inimigo da vida humana, global, invisível, insidioso, traiçoeiro, que nos afasta uns dos outros e que mata biologicamente, apresentando-se de forma desconhecida e tendo conseguido aplicar o Princípio da Surpresa, cujo comportamento se tornou viral, torna o combate extraordinariamente difícil. Acreditamos que esforços individuais e conjuntos convergentes a nível mundial, tais como a Aliança para uma vacina comum, disponível para todos, possa minimizar grandemente a ameaça.
Este objetivo de minimizar a ameaça está de facto nas nossas mãos se cumprirmos as recomendações dos especialistas, que lutam diariamente para conhecer e ajudar a combater tal inimigo. Vivemos por isso uma Paz e uma Liberdade condicionadas. Só há Paz e Liberdade se houver Bem-Estar.
E hoje a ausência de Bem-Estar alargou-se à generalidade das pessoas, as quais viram alteradas ou destruídas as suas condições de vida normal, para além de verem a sua liberdade condicionada a estados de alerta, calamidade, de emergência e de contingência em curto espaço de tempo e sem fim a vista.
Nós, antigos combatentes, que sabemos o que é ter que sair da picada para o trilho, da clareira para a floresta, para evitar emboscadas, sabemos que mesmo cumprindo todas as regras sanitárias recomendadas, não estamos livres de sermos atingidos, vendo a flagelação a que temos estado sujeitos, transformada em ataque frontal e individual. Por isso, aqui estamos hoje evocando o Dia Internacional da Paz de forma diferente. De máscara, afastamo-nos fisicamente uns dos outros e reduzindo ao mínimo o número de presenças. Após doze anos, fazemo-lo sem corrida, nem marcha pela Paz, mas não deixamos de aqui estar para com esta simbólica cerimônia homenagearmos todos aqueles que nos deixaram e se encontram em Paz eterna e entre eles aqueles cujos nomes se encontram nas lápides que nos rodeiam. 
Nós, que ainda vivemos, apelemos na linha orientadora da mensagem do Presidente da ONU para que juntos lutemos para ultrapassar e vencer a atual ameaça da humanidade, pois é global, ameaça a saúde todos, as condições de vida de todos, a economia de todos, de forma ofensiva, persistente e duradoura, criando situações catastróficas. Face a uma ofensiva poderosa, a defensiva é a solução. Mas uma Defensiva Móvel capaz de criar bolsas onde possam ser lançados poderosos contra-ataques. E esta defensiva, uma vez bem organizada, conduzir-nos-á ao êxito. 
Está nas nossas mãos, com respeito pelos princípios da defensiva, transformarmos a esperança em confiança que nos trará o retorno à vida normal, com Paz, Liberdade, Justiça e Bem-Estar. Fazemos votos para que para o ano possamos estar novamente aqui, podendo marchar ou correr tranquilamente, como no passado.
Viva a ADFA
Viva a Liga dos Combatentes
Tenente-general Joaquim Chito Rodrigues.
 
Seguiu-se a cerimónia de deposição de duas coroas de flores das duas instituições e ouviram-se os toques aos mortos, fez-se um minuto de silêncio, o toque de alvorada e o Hino da Liga dos Combatentes. As coroas de flores, já depois do final da cerimónia, foram depostas no Memorial ao Combatente na Capela do Combatente. 
Texto: Isabel Martins, marketing do museu do combatente
Fotos: Hugo Duke

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