Mensagem de Natal 2023

É Natal. É Nascimento.

Tal como cada um de nós festeja o dia do seu nascimento, houve Alguém que nasceu há 2023 anos e portou-se de tal forma, o seu comportamento foi tão marcante, que milhões de pessoas no Mundo vêm festejando o seu nascimento, ao longo dos anos. Uns, como nós Cristãos, acreditam que ele chegou mesmo. Outros, acreditam que ele um dia virá e outros ainda, acreditam que ele um dia voltará. Incrivelmente todos partem de alguém chamado Jesus Cristo.

Ao contrário do que por vezes dizemos, “o Natal não é quando o Homem quiser”.

O Natal evocado tradicionalmente, neste mês de dezembro, depende de cada um de nós, mas igualmente das nossas circunstâncias. Quantos Natais passámos, uns mais ingenuamente, outros bem Felizes, e outros ainda em situação de desconforto e de perigo. Recordo-me dos meus Natais de criança em que acreditava no Pai Natal. Dos anos em que punha o sapatinho na chaminé na véspera do Dia de Natal, para na manhã seguinte ser surpreendido com o que o Pai Natal trouxera pela chaminé e colocara no sapatinho. Até que um ano, olhando na véspera de Natal num móvel da sala, um gatinho de chocolate, ficaria interrogativo quando, na manhã seguinte, vi o referido gatinho sobre o sapato que eu colocara por baixo da chaminé! Foi o fim de uma convicção construída por uma tradição sustentada pela maioria dos nossos pais. Seguiram-se os Natais tradicionais de família, com pais, mulher e filhos com alegria, embora, de acordo com as circunstâncias pacíficas da época.

Até que num período da vida sentimos que nos roubaram os Natais. E foram 14 Natais em ambiente de Guerra! Sem família, sem pais, sem mulher e sem filhos, embora com a família militar criada pelas circunstâncias da guerra, vivendo Natais semelhantes, bem tropicais e bem quentes. E ainda hoje, como agora, lembramos aquela célebre frase “ Bom Natal, Adeus até ao meu regresso”. Ainda hoje, nos reunimos em convívios, nomeadamente nestas épocas festivas de família, com surpresa para quem nunca passou por tais circunstâncias.

Por isso imagino o Natal que as famílias ucranianas, russas, israelitas, palestinianas não podem viver, nem festejar, pois as circunstâncias, igualmente lhes roubaram os Natais. O nosso Natal deste ano felizmente passa em tempo de Paz relativa, mas com incertezas e insegurança. Relembro um conceito e pensamento de Pierre de Coubertin, o fundador dos Jogos Olímpicos modernos:

“O importante da vida não é a Vitória, é a Luta”; “Não é ter vencido! É ter participado e lutado bem!

Nós, na Liga dos Combatentes, lutamos bem no apoio a garantir aos Combatentes e famílias, e onde, não podendo esquecer os vivos, não podemos esquecer os caídos. Por isso, também lembramos neste Natal os Combatentes que restam em “glória honrada reconhecidos por Deus” e os que nestas circunstâncias, repousam por todo esse Mundo, onde caíram por Portugal.

Lembramos igualmente os militares das Forças Nacionais Destacadas, das Forças Armadas e Forças de Segurança, a quem foi retirado o Natal em família e se encontram em vários Teatros de Operações ao Serviço de Portugal e da Paz no Mundo. Enfim, o Natal não é sempre que o Homem quiser!

O Natal depende não só do Homem e da Mulher, mas das suas circunstâncias. Passado o Natal encerramos mais um ano nas nossas vidas e da nossa Instituição. O ano em curso foi um ano de evocação do Centenário da sua criação. Dignificámos, Recordámos e Honrámos os nossos antepassados e a sua obra. Continuemos honrando os mortos e lutando pela dignidade dos vivos.

Bom Natal de 2023 e Feliz ano de 2024, com a saúde suficiente e necessária, para todos os Dirigentes, membros, técnicos, funcionários e colaboradores da Liga dos Combatentes. Termino com um sentimento que me parece interpretar o sentimento de todos tenham feito ou não a Guerra do Ultramar:

  Os que fizeram a guerra
    Sem tréguas nem Natais
Querem a Paz na Terra
   E a Guerra nunca mais!…

O Presidente da Liga dos Combatentes
Joaquim Chito Rodrigues, Tenente-general

Author: Liga dos Combatentes