I – Os Mártires da Pátria Portuguesa e os Prisioneiros de Guerra, na «Terrível e Ilustre Batalha do Lys», em 9 de abril de 1918 e nos dias que se seguiram, durante a Grande Guerra… conhecidos e desconhecidos dos «Mortos Militares Portugueses» durante a Grande Guerra na Alemanha imperial, na Bélgica e em França invadidas e ocupadas
No estudo que apresentamos honramos «1.882 Mártires da Pátria» no Cemitério Militar Português de Richebourg l’Avoué, e do Cemitério do Leste, em Boulogne-sur-Mer, bem como no Cemitério dos Aliados de Antuérpia, na Bélgica. São, respetivamente, «1.831», «44» e «7».
No entanto, em 11 de novembro de 2014, durante a inauguração do Anel da Memória, ou Memorial Internacional de Notre-Dame-de-Lorette, em Ablain-Saint-Nazaire, no departamento de Pas-de-Calais, estão inscritos “2.266 Militares Portugueses Mortos” e dois anos depois passou a ser referido o número de “3.000 Militares Portugueses Mortos”.
A lista dos nomeados, por ordem alfabética dos apelidos, foi transmitida, em ambos os casos, pelo Ministério da Defesa Nacional de Portugal. Deparamo-nos então com um diferencial de “1.018 Mártires da Pátria” que desconhecemos onde descansam no repouso dos Justos.
Estes factos levaram-nos a fazer algumas investigações para esclarecer a situação.
2 – No “Arquivo Histórico Militar” de Lisboa
Cemitério português de Richebourg
Na continuação das nossas pesquisas, verificámos que existe no Arquivo Histórico Militar, uma caixa de arquivo com o número “PT-AHM-DIV-1-35-1270-A” intitulada “Registro e nominal dos existentes relativos aos militares falecidos na frente da Europa, e processos bem assim dos números das placas por ordem das mesmas” ou “Registro numérico e nominal dos cadernos existentes relativos aos soldados que morreram na Europa, bem como os números das placas em sua ordem”.
Assinalámos “240 Soldados Desconhecidos, e 26 Civis Desconhecidos, dos quais estão referenciados, 238 em Richebourg l’Avoué, 2 em Antuérpia” e os “4.327 Mártires da Pátria” mencionados na caixa de arquivo acima mencionada.  
Chegamos então ao número de ” 4.567 Mártires da Pátria Portuguesa”, tombados no Campo de Honra.
Concluímos assim, que existe um diferencial de “2.685 Mártires” em relação aos “1.882 Mártires” que normalmente são homenageados nos três cemitérios mencionados acima e aos quais devemos acrescentar os “31 Mártires da Pátria” que descansam o Sono dos Justos respetivamente em Evere, Bruxelas, Bélgica”, “13 na Grã-Bretanha”, “2 em Espanha”, “3 na Holanda”, bem como “4 na Polónia” e “8 em França” …
De facto, estamos, assim, sem notícias concretas de “2.654 Mártires da Pátria” para quem as suas únicas sepulturas são nas nossas memórias comovidas e reconhecidas aos seus sacrifícios finais. Jamais os esqueceremos!!!
 
II – O sofrimento dos Prisioneiros de Guerra Portugueses (PGP)
1 – Antes da “Terrível e Ilustre Batalha do Lysde acordo com a Cruz Vermelha Internacional nas Séries de “PP 1 a PP 87”
Antes da Batalha de La Lys e de dezembro de 1916 até março de 1918, referenciámos
– No ano de 1916, 11 Prisioneiros de Guerra Lusitanos Civis e Marinheiros no mar;
– Em 1917, 241 Prisioneiros de Guerra do Corpo Expedicionário Português em França e na Alemanha Imperial;
– Em 1918, de janeiro a março, 99 PGP do CEP.
O que nos dá um total de 340 PGP do CEP, antes da Batalha.
Se por enquanto temos poucos dados sobre os já citados “11 PGP Civis e Fuzileiros Navais“, não nos faltam dados sobre os já citados “340 PGP do CEP” onde nas séries estudadas, aparecem os seus nomes e sobrenomes, bem como as suas unidades militares. É, aliás, um assunto muito pouco estudado e conhecido…
2 – O número de Prisioneiros de Guerra Portugueses, PGP, durante a “Terrível e Ilustre Batalha do Lys”, em 9 de abril de 1918 e nos dias que se seguiram, de acordo com a Cruz Vermelha Internacional em sua Série de “PP 88 a 1315”
Relativamente aos números mencionados de Prisioneiros de Guerra Portugueses, durante e após a Batalha, verifica-se que o seu número ronda geralmente os 6.000 a 7.000 e um pouco mais. Ao estudar as várias fontes, descobrimos que os números transmitidos eram muito singulares, como nos aconteceu no caso da pesquisa sobre as três necrópoles de Antuérpia, Boulogne-sur-Mer e Richebourg l’Avoué, que não correspondiam aos números apresentados daqueles que tinham “Caído no Campo de Honra”.
Agora, acontece que havia uma maneira de chegar o mais próximo possível da verdade. Tratava-se assim da consulta dos “Registos da burocracia militar alemã” que tinham sido transmitidos à “Cruz Vermelha Internacional” depois à “Cruz Vermelha Portuguesa” onde encontramos anotações francesas e portuguesas.
Examinámos então “1.315 Séries“, incluindo “1.227″ que foram dedicadas aos “Prisioneiros de Guerra Portugueses” do Corpo Expedicionário Português, capturados durante a “Terrível e Ilustre Batalha do Lys“, na data de “9 de abril de 1918” e nos dias que se seguiram…
Graças à contagem e registo de dados por Manuel do Nascimento, Historiador e Tesoureiro Geral da Delegação de Paris e Ile-de-France da Liga dos Combatentes Portugueses, encontrámos, depois de mais de um ano de pesquisas, e de estudo nas “Séries PP 88 a PP 1315″, “10.383 Prisioneiros de Guerra Portugueses” ou “PGP”, dos quais devemos deduzir os “148 nomes duplicados”.
Assinalamos que estas conclusões são de de extrema importância, segundo as esclarecidas alegações do General Chito Rodrigues, Presidente da Liga dos Combatentes. De entre os Prisioneiros de Guerra Portugueses referidos, temos o maior dever de recordar e evocar os “127 Mártires da Pátria” que foram reenterrados entre os seus companheiros de Arma sob as dignas e nobres cores da bandeira de Portugal no Cemitério Militar Português de Richebourg l’Avoué e também os “139 Mártires da Pátria” que permanecem para a eternidade em terra estrangeira.
Por fim, referimos que em cerca de 3.715 páginas, se encontram registados os seus nomes, subcategorias militares, bem como suas unidades militares e seus locais de captura e internamento. Assim, chegámos ao número “10.383 PGP”, incluindo “148 PGP”, que estavam duplicados.
Retirados os duplicados atingimos o número “10.235 PGP” incluindo “35 Soldados Desconhecidos” dos quais, havia “20” que conseguimos identificar graças aos números equivalentes aos números de matrícula, citados ao longo das séries.
Finalmente, na rica e cativante obra do Major Major Vasco Carvalho[1],  do Estado-Maior General da “2ª Divisão Reforçada“, estudamos os efetivos da 2ª Divisão Reforçada em 9 de abril de 1918.
Eram então “1.689 oficiais e 19.374 sargentos, cabos e soldados” num total de “21.063 combatentes”.
Entre estes 21.063 combatentes encontram-se os “10.235 PGP”. Analisando a sua captura por setores do dispositivo das nossas forças concluímos que: – “4.058 PGP” terão sido capturados no Setor Fauquissart, “2.306 PGP” no Setor Neuve-Chapelle, e “2.862 PGP” no Setor Ferme du Bois.
Porém, tivemos também fora do Setor CEP, “393 PGP”, e em locais desconhecidos, “764 PGP”. Entre estes locais de memória de detenção de Portugueses do PGP, temos também deduzir os “148 nomes duplicados”
Finalmente diremos, que na análise destes dados, tivemos a confirmação de que a “Terrível e Ilustre Batalha do Lys”, em 9 de abril de 1918 e nos dias que se seguiram, terá ocorrido desenvolvida pelas forças alemãs, de Leste para Oeste.
Em conclusão, “49,29%” dos soldados portugueses disponíveis, ou seja, quase metade dos efetivos militares, foram PGP, a que devemos acrescentar os feridos, mortos, bem como aos desaparecidos, segundo o sábio conselho do General Chito Rodrigues, Presidente da “Liga dos Combatentes”. Chegaremos assim a “51%” ou “52%” dos efetivos, como baixas sofridas pelas forças portuguesas.
Georges Adrien Vilar Viaud,
Présidente da Delegação de Paris e Ile-de-France
da Liga dos Combatentes
PS : O texto apresentado acima foi traduzido da língua de Molière para a língua de Camões por Manuel do Nascimento, Historiador e Tesoureiro Geral da Delegação de Paris e Ile-de-France da Liga dos Combatentes
[1] Major Vasco de Carvalho (1888-1961), A 2ª Divisão portuguesa na batalha do Lys (9 de abril de 1918); prefácio do Sr. General F. Tamagnini. – Lisboa: Lusitânia, 1924. – XV, 416 páginas, 52 e 53… Aliás, esta obra foi reeditada em abril de 2016 pela «Liga dos Combatentes», apresentada pelo General Chito Rodrigues, que assinou um advertido «Exorde». Livro que pode adquirir…
& Além disso, no lançamento do General Gomes da Costa, que tinha comandado esta unidade militar heróica, os efetivos eram mais de «627 Oficiais e 18.000 Sargentos, Cabos e Soldados», na 34ª página, e mais adiante, era então «689 Oficiais e 19.374 Sargentos, Cabos e Soldados», na 43ª página, são cerca de «689 Oficiais e 19.374 Sargentos, Cabos e Soldados 18.627 Combatentes» e «21.039 Combatentes» …

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui